quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Confira depoimentos de quem já sabe como será a nova prova do Enem

A pouco mais de dois meses do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), confira um guia esclarecedor sobre a prova, que pretende desanuviar o horizonte dos alunos.

As reportagens e depoimentos dão conta da comparação entre o antigo e o novo formato do Enem, explicam o caminho que o estudante deve percorrer para usar o resultado da prova no acesso às universidades federais e apresentam dicas de professores: como se organizar para realizar o exame, como fazer uma boa redação e como resolver questões com gráficos ou tabelas - três dos grandes obtáculos. Além disso, estudantes que já realizaram a velha prova - e também simulados da nova - falam sobre suas impressões.

Nos dias 3 e 4 de outubro, 4,5 milhões de estudantes de todo o país irão enfrentar a prova - principal avaliação brasileira do conhecimento adquirido pelos alunos que encerraram o ensino médio. Além do novo formato, o exame ganhou mais atenção porque seu resultado funcionará como nota de acesso a 22 universidades federais do país - além de complementar a média do vestibular de outras instituições federais e mais de mil particulares.

Héliton Ribeiro Tavares, diretor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, diz que, apesar das mudanças, o exame continuará explorando a capacidade de os alunos solucionarem questões interdisciplinares - ou seja, que envolvam saberes ligados a mais de uma disciplina escolar. Ele esclarece ainda a maior dúvida do estudante: o exame ficou mais difícil? "Aumentamos o número de questões e, é claro, colocaremos itens mais difíceis, mesmo que em menor número, para obter uma nota mais precisa do candidato".

Diferenças entre o velho e o novo Enem:

Até 2008
Formato: 63 testes de múltipla escolha e uma redação
Duração: 5 horas, em um único dia
Disciplinas cobradas: Português, geografia, história, biologia, matemática, física e química, além da redação
Características do exame: Explorar as ligações interdisciplinares e o racioncínio lógico, avaliar a capacidade do aluno de resolver situações-problema e interpretar textos e imagens.
Datas: Provas em agosto, e a divulgação dos resultados em novembro
Importância: Resultado do exame era utilizado como alternativa ou complemento da nota dos vestibulares de mais de mil instituições

A partir de 2009
Formato: 180 testes de múltipla escolha e uma redação
Duração: dois dias: 4 horas e meia no primeiro e 5 horas e meia no segundo dia, quando há a redação
Disciplinas cobradas: Áreas do conhecimento: matemática, linguagens e códigos, ciências humanas e ciências da natureza, além da redação
Características do exame: Interdisciplinaridade e contextualização seguem em alta, com ênfase nos conteúdos das áreas do conhecimento
Datas: Provas em outubro, e a divulgação dos resultados em dezembro (testes) e janeiro (resultado final, com nota da redação)
Importância: Resultado do exame servirá como nota integral do vestibular de 22 universidades federais - no futuro, todas essas instituições devem adotar modelo


>>> Sem surpresas
A nova prova do Enem será aplicada pela primeira vez nos dias 3 e 4 de outubro. Até lá, pensar nas possíveis surpresas do formato pode aterrorizar a vida de muitos estudantes. Mas é hora de ter calma. Confira a seguir depoimentos de dois candidatos que já prestaram o exame em anos anteriores e que também participaram de simulados baseados nas novas diretrizes da prova.

"Já prestei Enem duas vezes, em 2007 e 2008. É uma prova fácil, que não exige muito do estudante. O problema é que havia muitas questões sobre o mesmo assunto, e os textos eram muito grandes, o que tornava o exame cansativo. A redação também era um pouco chata, porque, na maioria das vezes, tínhamos que dar uma solução para determinado problema. Neste ano, fiz o simulado que mostra como o exame deverá ser, e achei a prova um pouco mais trabalhosa do que o normal, mesmo não precisando de fórmulas ou decorebas. Ela só exige um pouco mais de conteúdo do estudante. Não mudou muita coisa".
Luisa Carvalho Zucchi, 18 anos, prestará vestibular para a carreira de medicina.

"O Enem é um exame relativamente fácil, que você consegue fazer sem muita pressão. Os textos são longos, e o que mais se exige é conhecimento geral e lógica, assim como nos vestibulares da Fuvest e Unicamp. Também fiz o simulado do novo Enem e achei a prova bem mais difícil e cansativa do que os exames de 2007 e 2008. Eram muitas coisas para ler e resolver em um prazo muito curto - antes eram 63 questões em um dia; agora, serão 180, em dois dias. Na minha opinião, a parte mais complicada do simulado foi matemática, bem mais difícil do que o de costume. Já ciências humanas e ciências da natureza
estavam mais parecidas com o nível dos exames anteriores do Enem, abordando assuntos amplos, de conhecimento mais geral".
Tatiana Jung, 18 anos, prestará vestibular para a carreira de nutrição.


>>> Enem 2009
A possibilidade de utilizar somente a nota do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar nas universidades federais gerou muitas dúvidas entre os estudantes. Porém, a partir de abril, após anúncio do Ministério da Educação (MEC), as instituições puderam escolher voluntariamente se o novo Enem iria ou não substituir por completo seus processos seletivos.

Das 55 universidades, 22 decidiram aderir à seleção unificada. Nesses casos, a proposta de inscrição será semelhante à forma já adotada pelo Programa Universidade para Todos (ProUni). As outras 33 instituições irão aderir ao exame de formas variadas, todas aprovadas pelo MEC. Héliton Ribeiro Tavares, um dos diretores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que organiza a prova, afirma que o nível de adoção do Enem pelas instituições deve aumentar. "Esperamos que, em três anos, todas as federais tenham adotado o Enem como fase única de seus processos seletivos".

A partir do dia 4 de dezembro, com o resultado do Enem em mãos, os estudantes poderão optar por cinco cursos - de uma mesma universidade ou de até cinco instituições diferentes. Em seguida, deverão se inscrever exclusivamente via internet, no site do MEC, ordenando suas preferências e universidades.

No ato da inscrição, o estudante já saberá qual a nota do Enem necessária para concorrer a cada curso, com as chamadas notas de corte. Todas elas deverão ser previamente divulgadas pelas universidades em edital.

Notas de corte - Enquanto as inscrições estiverem abertas nas universidades federais, as notas de corte poderão sofrer alterações. Desse modo, as instituições poderão modificar as notas mínimas para ingresso em cada curso de acordo com as pontuações dos estudantes inscritos. Caso as notas dos candidatos no Enem estejam muito acima da nota proposta inicialmente pela universidade, ela poderá aumentar a exigência.

Por outro lado, os estudantes também terão suas vantagens. Haverá uma atualização diária das notas de corte de todos os cursos disponíveis, as quais poderão ser consultadas via internet. Caso perceba que sua média do Enem não é mais suficiente para se candidatar ao curso de preferência, o estudante poderá mudar de opção, escolhendo uma carreira com exigências menores.

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