terça-feira, 18 de agosto de 2009

Matemática também estará em outras disciplinas do novo Enem

Uma má notícia para quem não gosta de fazer conta: um quarto das questões objetivas do novo Enem será especificamente de matemática. Isso porque a matéria é a única a integrar sozinha uma das quatro grandes áreas em que a prova está dividida. Assim, ao menos 45 das 180 perguntas do Enem serão apenas de matemática – a matéria, portanto, será a de maior peso na prova.

Nas outras três áreas – linguagens e códigos, ciências da natureza e ciências humanas –, as questões envolverão mais de uma disciplina. Desse modo, a prova de linguagens trará questões de língua portuguesa, literatura, artes, educação física e comunicação. A de ciências da natureza terá química, física e biologia. Já a de ciências humanas será composta por história, geografia e sociologia.

O diretor de avaliação da educação básica do Inep (órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem), Héliton Tavares, avisa: o número de questões envolvendo matemática deve ser ainda maior do que um quarto, graças ao fato de o Enem ser um exame com questões interdisciplinares. Um exemplo são perguntas de física e química que exijam conhecimentos matemáticos.

– Um quarto das questões da prova será diretamente ligados à matemática. Mas a linguagem matemática, como gráficos, tabelas, cálculo de porcentagens, poderá ser encontrada nas outras matrizes também – antecipou Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil.

Mateus Prado comparou o edital deste ano com o dos anos anteriores para reformular o material didático do seu cursinho. Nos anos anteriores, o programa não tinha divisão por matérias – a interdisciplinaridade já era a marca mais forte do Enem –, o que, segundo Tavares, dificulta uma comparação entre as edições.

Exame vai cobrar disciplinas exóticas

E
como o aluno deve treinar para uma prova assim?

– O aluno deve fazer o maior número de questões-teste em determinado tempo. Questões fáceis, porque não adianta pegar um teste difícil e não conseguir fazer – afirma Glenn van Amson, supervisor de matemática do Anglo.

Uma boa dica é recorrer às provas anteriores do Enem, disponíveis no site http:// historico.enem.inep.gov.br.

A overdose de matemática não assusta Willian Cruz, 17 anos, aluno que prestará vestibular para economia. No seu horário de estudos, matemática já toma 40% do seu tempo.

– Quando se estuda para valer, se estuda para tudo – diz Willian

Outra novidade do Enem são os temas pouco comuns em outros exames, como história da África e educação física. Mas, quanto a eles, o recado dos professores é tranquilizador: não haverá cobrança de conteúdo específico, as questões devem ser contextualizadas.

– Ninguém vai cobrar a regra do basquete ou a independência do Catar. Vai ter que analisar documentos históricos, interpretar – diz Mateus Prado.

Héliton Tavares, do Inep, confirma que não haverá cobrança de datas. Sobre o conteúdo, diz não haver novidade nos temas exigidos – que se baseiam no programa estudado no ensino médio.


Como a a professora Roselane Zordan Costella avaliou as 40 questões do Enem

“As provas deveriam ter apresentado maior aprofundamento teórico, sem deixar de cobrar o mesmo nível interpretativo. A teoria a que me refiro está pautada em conceitos, que são eixos cognitivos indispensáveis para o aluno reconhecer a ciência. Para enfrentar a prova, os alunos precisam ter cautela na leitura dos enunciados, concentração para raciocinar e evitar o chute. As questões estão ao alcance interpretativo do aluno e podem ser fáceis para quem estiver habituado a interpretar textos, gráficos, tabelas, desenhos e mapas. Acredito que o Enem trouxe um questionamento sobre o que se ensina e para que se ensina. A literatura, a história e a geografia regional devem ser ensinadas independentemente do tipo de vestibular.”

Nota no Enem vai depender do nível de cada questão

Quem acerta mais questões tira a nota maior, certo? No novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a respostaóbvia não é verdadeira.

Ontem o Ministério da Educação (MEC) informou que a pontuação vai depender do grau de dificuldade das questões. O Enem acontece nos dias 3 e 4 de outubro e terá, no total, 180 quesitos de múltipla escolha divididos em provas que contemplam quatro áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), além da redação.

Um quarto de cada uma das provas será composto por questões fáceis e dois quartos por questões com grau de dificuldade intermediário. O outro quarto será formado por perguntas mais difíceis. O fera que conseguir acertar essas questões certamente terá a nota maior que a do colega que acertou apenas questões fáceis, embora mais numerosas. Esse é o conceito da Teoria de Resposta ao Item (TRI), sistema de correção que será adotado pelo MEC neste ano.

Para saber se uma questãoé fácil ou difícil, o MEC testou milhares delas com centenas de alunos de todas as regiões brasileiras. Com base no acerto desses estudantes, foi possível escalonar os quesitos.

Os feras do 3º ano, público-alvo do Enem, não participam dos testes. "Assim como em algumas escolas as notas vão de 0 a 10, no Enem é provável que a escala vá de 200 a 800 pontos, com média
de 500", explicou o diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), Heliton Tavares. O Inep é o órgão que aplicará o Enem em todo o país.

Tavares afirmou que haverá uma nota para cada uma das quatro áreas de conhecimento e uma quinta nota para a redação. Não haverá uma nota geral. A previsão é que o resultado da parte objetiva seja divulgado no dia 4 de dezembro e o resultado final, com a redação, saia no dia 8 de janeiro.

Com o método de correção TRI, o candidato não conseguirá calcular a própria nota, como acontecia nos vestibulares anteriores. "Um programa de computador fará o cálculo levando em consideração o padrão de resposta (quais questões foram mais acertadas e quais menos) e não somente o número de acertos", justificou Heliton.

O sistema de teoria de resposta ao item já é adotado no Saeb e na Prova Brasil, avaliações federais da educação básica, além de exames internacionais como o Toefl, de proficiência em inglês. De olho no novo método, o fera Waslley Ribeiro, candidato a uma vaga no curso de ciência da computação da UFPE, já redobrou a carga horária dos estudos. "Estou revendo os conteúdos e lendo mais.

O importante é fazer o melhor possível, não perder tempo tentando calcular uma nota hipotética", afirmou o estudante de 20 anos, aluno da Escola Estadual Governador Barbosa Lima.

Tempo de prova é precioso no Enem

Exame terá 180 questões "117 a mais que no ano passado", aplicadas em dois dias. Apesar de o candidato ganhar seis horas a mais para responder, só serão três minutos para resolver cada ponto.

Uma das novidades do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que tem preocupado estudantes é o tempo de duração das provas. Com mais questões - passou de 63 para 180, um acréscimo de 117 quesitos - as horas destinadas à avaliação também aumentaram, passando de quatro para 10, distribuídas em dois dias.

Mesmo assim, os feras temem que o tempo seja pouco, diante de uma prova cujos enunciados são longos e exigem interpretação. Ficar atento ao relógio é a dica dos professores. Até porque, com a inclusão do Enem nos vestibulares das principais universidades públicas, o exame deixa de ser avaliatório e ganha caráter classificatório.

No primeiro dia de provas, em 3 de outubro, os estudantes terão quatro horas e meia para fazer 45 questões de ciências da natureza (química, física e biologia) e 45 de ciências humanas (história e geografia). Os quesitos serão de múltipla escolha. No domingo, há mais uma hora, ficando a avaliação com cinco horas e meia, pois há a redação, além de 45 questões de matemática e 45 de português e literatura.

Alunas do 3º ano do Colégio Damas, nas Graças, Gabriela Soares Araújo e Priscila Ferraz, ambas com 17 anos, participaram recentemente de um simulado, na escola, com o mesmo número de questões do Enem e tempo igual. Saíram cansadas da maratona de provas. ?É muito quesito para resolver. O segundo dia ainda é mais cansativo, pois tem a redação. Sem esquecer que temos que reservar um tempo para marcar o gabarito?, diz Gabriela, candidata ao curso de engenharia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

"No vestibular da UFPE, as questões são mais objetivas. No Enem, não. Pretendo começar pelas matérias de que gosto mais, português e história", conta Priscila, fera de jornalismo. "Cada questão
parece um livro, de tão grande que é o enunciado. Muitas vezes vamos ter que ler duas, três vezes, para entendê-la, até porque as disciplinas estarão misturadas. Fico preocupada de não dar tempo e ter que chutar para não deixar nada em branco", afirma Priscila Oliveira, 16, aluna do último ano do ensino médio da Escola Estadual Diário de Pernambuco, no Engenho do Meio.

Ela tentará secretariado na UFPE e história na Rural. Professor de cursinho há mais de 20 anos e experiente quando o assunto é preparar feras para o vestibular, Fernando Beltrão também está apreensivo com o tempo que os estudantes terão no Enem. ?Até o ano passado, o exame tinha 63 questões para quatro horas de avaliação, o que dava uma média de 3,8 minutos para resolver cada quesito. Agora serão três minutos, levando em conta que uma hora vai ser para a redação?, observa Fernando. O Ministério da Educação (MEC) prometeu, desde maio, divulgar um modelo de como será o novo Enem, mas até agora não liberou o simulado.

"Ainda não sabemos como será a prova. É importante que o MEC divulgue o simulado o mais rápido possível para acalmar os alunos, para que eles percebam que não haverá nenhuma caça às bruxas", destaca Fernando. Mas o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, informou que não há previsão de quando o modelo do exame será divulgado.

HORÁRIO ESPECIAL

Estudantes cujas religiões guardam o sábado terão o mesmo tempo para fazer o Enem, com a diferença de que ficarão em quarentena até o horário que for permitido para eles começaram as provas. Segundo o Inep, esses candidatos deverão comparecer aos locais de prova junto com os demais. Eles serão acomodados em um local especial e, no fim do dia, receberão os testes.

Quem se enquadra nesse caso e ainda não está inscrito no exame deve informar no formulário, assinalando que necessita de atendimento especial. Aqueles que já se inscreveram e não prestaram a informação, podem fazê-lo no sistema de acompanhamento, no site do Inep, até sexta-feira.