Para especialistas, vestibulandos devem analisar aptidões e indagar profissionais do mercado na hora de optar por uma carreira
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Foi-se o tempo em que escolher uma carreira no vestibular significava fazer uma opção entre engenharia, medicina ou direito. Com uma cartela enorme de possibilidades, muitos jovens se deparam com a dúvida – e a angústica – na hora da inscrição. Ainda há tempo para refletir antes da decisão? Segundo especialistas consultados pelo site de VEJA, a resposta é sim.
A notícia anima a estudante Amanda do Santos, de 18 anos, dividida entre os cursos de medicina e jornalismo. "Eu me interesso pela área de humanidades. Mas, por outro lado, sempre estive em contato com a medicina, pois meu pai é médico, e sei que gostaria de atuar na área", conta.
Revolver as dúvidas do caminho acerca da futura profissão exige empenho do estudante, que deve fazer um processo intenso de reflexão e pesquisa. Visitas a feiras de profissões, universidades e também conversas com profissionais que já atuam no mercado podem ajudar – e muito. Mas só isso não basta: é preciso levar em conta habilidades e desejos.
"O ideal é fazer uma análise da história de vida e buscar as competências particulares que se sobressaem. A partir daí, identificar carreiras compatíveis com o perfil de cada um", orienta Carlos Castanha, da Quixote, empresa especializada na resolução de conflitos vocacionais. "Identificadas essa carreiras, o aluno deve partir para a coleta de informações. É aconselhável que, além de ler sobre o assunto, ele entre em contato com pessoas do mercado de trabalho", diz o especialista.
Muitas vezes a indecisão de fato é fruto da falta de informação. "O vestibulando deve buscar profissionais da área em que pretende atuar e fazer perguntas específicas sobre a carreira", afirma Sulivan França, presidente da Associação Latino Americana de Coaching. Na visão do especialista, de preferência, o estudante deve buscar ajuda junto a pessoas com quem não tenha vínculos – principalmente laços familiares. Isso porque, na hora da decisão, a opinião dos pais, por exemplo, pode pesar excessivamente. "Os pais devem emitir opinião, desde que ela esteja amparada por argumentos sólidos. É importante também que pai e mãe não se oponham aos filhos, caso os jovens optem por um curso distinto", afirma Silvio Bock, da Nace Orientação Vocacional.
Carolina Petrozziello, de 18 anos, sempre quis cursar arquitetura. Até o dia em que a mãe dela sugeriu a carreira de veterinária. "Ela disse que levo jeito com os animais e que poderia me dar bem na profissão", conta a estudante, que decidiu prestar os dois cursos em universidades distintas. "Como vou prestar veterinária em uma faculdade pública e arquitetura em uma particular, se for aprovada nas duas, optarei pela veterinária".
Mercado de trabalho – Outro assunto que assusta os vestibulandos é o mercado de trabalho. Fernanda Carriel, de 18 anos, está dividida entre a arquitetura e o desing de interiores. Ela acredita que tem mais talento para a segunda opção, mas, na visão dela, a arquitetura lhe ofereceria mais oportunidades de trabalho. É um fator que, de fato, pode ser levado em conta pelo vestibulando.
"É preferível optar por um curso mais amplo e depois especializar-se. Quanto maior a abrangência no início da carreira, melhor", diz Alberto Nascimento, coordenador do curso preparatório para o vestibular Anglo, que acumula anos de experiência na tarefa de orientar os indecisos. Bock, da Nace Orientação Vocacional, acrescenta: "A fragmentação das profissões e dos cursos assusta o aluno à primeira vista. É preciso que ele entenda cada uma das carreiras para tomar a decisão mais acertada".
Fernanda afirma que vai fazer sua escolha por conta própria. "Tenho medo de buscar mais informações nas feiras de profissões ou testes vocacionais e, assim, descobrir ainda mais opções: isso só aumentaria minhas dúvidas", conta. "Já estou entre duas carreiras: se aparecer uma terceira ou quarta, não conseguirei me decidir".
Se a indecisão é grande demais, esperar os processos seletivos do próximo ano é uma alternativa a ser considerada – ainda que implique mais um ano de estudos intensos. "Atendo alunos muito jovens que precisam amadurecer sua escolha. A eles, aconselho que se inscrevam no vestibular, mas apenas para testar seus conhecimentos", diz Carlos Castanha.