sexta-feira, 4 de setembro de 2009

MEC estuda Enem obrigatório em 2010

Por: Zero Hora - Lúcia Pires

Com 4,5 milhões de inscritos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se transformou na porta de acesso às universidades e, em 2010, pode passar por mais uma transformação.

Em Porto Alegre, onde veio participar de um seminário com as escolas privadas, o diretor de Avaliação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Heliton Ribeiro Tavares, admitiu que a prova pode se tornar obrigatória a partir do próximo ano.

– O conselho que reúne as secretarias de educação estaduais já solicitou estudo para tornar o Enem obrigatório. Vamos responder no próximo ano se é possível ou não. Não sei se será possível, pelo menos a curto prazo – disse Tavares.

O novo Enem será aplicado nos dias 3 e 4 de outubro em mais de 1,8 mil municípios brasileiros. Como preparar os alunos e conseguir ajustar a metodologia ao novo exame virou questão de ordem para os professores. Para ajudar a entender a mudança, o Sindicato do Ensino Privado (Sinepe) do Estado realiza hoje, a partir das 8h30min, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul um seminário.

Entrevista: Heliton Tavares, diretor do Inep

Zero Hora conversou com o diretor do Inep, Heliton Tavares, no sábado, por telefone. A seguir, trechos da entrevista:

Zero Hora – Por que o Ministério da Educação teve pressa para implementar a mudança?

Heliton Tavares –
Não tivemos pressa. A exigência de uma aplicação imediata nem partiu no MEC, mas da sociedade. O Ensino Médio há muito tempo estava precisando de uma mudança deste tipo. Estávamos a mais de um ano em um nível avançado de discussões e decidimos fazer de uma vez.

Zero Hora – Com a nota do Enem valendo como única forma de ingresso em universidades federais, a preocupação com a fraude aumentou muito. Como vai ser a fiscalização em cada sala de aula?

Tavares –
O Inep é o gerente do processo. Houve a contratação de um consórcio de empresas. Teremos 350 mil pessoas para trabalhar nos dias de prova. Isso garante pelo menos duas pessoas em cada sala, além de fiscais externos e coordenadores. O Enem já é a maior prova aplicada no Brasil. Neste ano, teremos meio milhão

a mais do que o ano passado, mas a estrutura já estava montada. Claro que, neste ano, os cuidados estão sendo muito maiores e a seriedade do processo tomou uma dimensão enorme. Mas a logística estava montada.

Zero Hora – Como será a divulgação dos resultados para alunos e escolas?

Tavares – As escolas vão saber como estão os alunos em cada habilidade medida (são 30 por área). Em uma escala de proficiência, vamos informar a média dos alunos por escola, dentro das faixas de conhecimento e até com um percentual por faixa. Vamos gerar informação suficiente para que possam comparar suas metodologias em relação as outras. O estudante terá seu desempenho medido por uma pontuação. A média valerá 500 pontos, com desvio padrão de cem pontos. Além disso, vai saber também o que conhece em cada área.

Zero Hora – O Enem poderá se tornar obrigatório em 2010?

Tavares – O conselho que reúne as secretarias estaduais de Educação já solicitou estudo para tornar o Enem obrigatório. Vamos responder no próximo ano se é possível ou não. Não sei de será possível, pelo menos a curto prazo. Mas é algo que interessa a todas as secretarias.

Zero Hora – Em que o exame avança?

Tavares – Ela aproxima o Ensino Médio da universidade e consegue medir o desempenho das escolas. Antes era a experiência dos alunos que, contava. Com isso, passa a ser um orientador do Ensino Médio e o coloca na mesma mesa das universidades, coisa que há muito tempo não se conseguia no Brasil. Esses grupos, juntos, agora vão fazer propostas de mudanças. Estamos formando um grupo para verificar toda a estrutura do Enem e propor mudanças. Ele será formado por professores da educação básica, das universidades e institutos federais e de universidades estaduais e particulares. Queremos discutir e aprimorar o exame sempre, a cada edição. É um processo de construção.

Zero Hora – O Inep está preparado para o sistema de seleção que promete atender milhões de estudantes online?

Tavares – Esperamos 4 milhões de acessos simultâneos. Estamos investindo em uma megaestrutura, maior do que a da Receita Federal. Qualquer problema de internet pode colocar tudo a perder. Durante as inscrições, chegamos a 221 mil acessos simultâneos e deu tudo certo.